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Congresso Brasileiro de Hérnia reune mais de 400 especialistas em Búzios

11/04/2016

Foi um sucesso o IV Congresso Brasileiro de Hérnia, realizado de 7 a 9 de abril, reunindo mais de 400 especialistas em Búzios. Entre os temas de maior repercussão abordados está a hérnia inguinal e as mais modernas formas de tratamento para o problema.

Segundo o Dr. Julio César Beitler, presidente da Sociedade Brasileira de Hérnia e do Congresso, toda hérnia inguinal deve ser tratada cirurgicamente desde que as condições clínicas do paciente, ou seja, seu estado de saúde, permita que ele seja submetido a um procedimento cirúrgico.

Essa afirmação é verdadeira, explica o especialista, porque os estudos da história natural dessa condição demonstram que:

1) As hérnias inguinais não se curam com nenhum método que não seja o reparo cirúrgico.

2) As hérnias inguinais tendem a aumentar de tamanho.

3) Mesmo nos pacientes assintomáticos, ou seja, naqueles em que a presença da hérnia não traz desconforto, dor ou complicações no momento do diagnóstico, evoluem nos meses ou anos seguintes com sintomas de dor, desconforto ou desencadeiam complicações que podem colocar em risco sua vida.

4) A taxa de complicações como o encarceramento, isto é, uma parte do intestino sai da cavidade abdominal e se insinua para fora da parede abdominal e não retorna, ficando aprisionada, é de 2% a 4%, por ano. Essa complicação pode evoluir com uma obstrução intestinal ou estrangulamento. Esses dois eventos são acompanhados de mortalidade que podem alcançar até 20% desses pacientes.

5) As hérnias que evoluem para um tamanho maior, por falta de tratamento são mais difíceis de corrigir cirurgicamente, seja pela destruição dos tecidos da parede, seja pela dificuldade de se reduzir o conteúdo intestinal que pode estar sofrendo pelo fato de estar sendo comprimido pelo anel herniário. Os resultados cirúrgicos do tratamento das hérnias pequenas são melhores do que nas de grande volume.

6) Os resultados do tratamento cirúrgico adequado com telas das hérnias inguinais alcançam índices de cura de 98% em média, podendo alcançar quase 100%. Em medicina, quando dizemos que se cura 98% ou mais de uma doença, diz-se que o tratamento é extremamente eficaz, pois na maioria das afecções o índice de cura não alcança nem de perto esses índices.

7) A mortalidade no tratamento cirúrgico de uma hérnia é muito menor do que 1 para 100.000 pacientes operados e os que morreram devido ao procedimento, foram os que foram operados de urgência devido às complicações, ou porque as condições clínicas não permitiam o tratamento naquele momento. Por isso, no primeiro parágrafo, afirmamos que todas as hérnias inguinais devem ser operadas, desde que as condições clínicas permitam o procedimento.

8) Sabendo dos resultados excelentes do reparo cirúrgico das hérnias inguinais em contrapartida com o não tratamento e suas consequências, há um consenso de que todas as hérnias inguinais devem ser corrigidas cirurgicamente com aquela ressalva explicitada anteriormente.

9) Quando o paciente não tem condições clínicas o cirurgião deve corrigir as condições clínicas anormais, como tratar a hipertensão arterial descompensada, o diabetes fora de controle, a insuficiência cardíaca etc. até compensar o paciente e aí em melhores condições operá-lo. A cirurgia da hérnia a não ser nas emergências como a obstrução intestinal ou o estrangulamento, não é um procedimento que se deve operar assim que o diagnóstico é feito. Trata-se de uma cirurgia eletiva com data marcada.

O tratamento pode ser realizado por duas vias de acesso: a tradicional, também chamada via anterior, que é aquela em que o cirurgião aborda a região inguinal através de incisão no local da hérnia, ou pela via videocirúrgica que é a via através de pequenos furos realizados na parede abdominal e através de câmera e instrumentos próprios opera por dentro da parede abdominal.

Nas duas maneiras sempre se utiliza de próteses, ou seja, telas que são fixadas recobrindo o defeito que é um buraco na região inguinal, a qual permitia que o conteúdo da cavidade saísse através da parede abdominal.

As duas técnicas se equivalem quanto aos resultados. A escolha depende de vários fatores, entre eles, o tipo de defeito herniário, as condições clínicas do paciente, a escolha e habilidade do cirurgião para o procedimento. Ambas têm vantagens e desvantagens, mas no fim as duas se equivalem. Lembremos que operamos um paciente portador de hérnia inguinal e não somente a hérnia e isso é o fator determinante da escolha pelo cirurgião, finaliza o Dr. Beitler.

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