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Consumo de Carnes e Câncer Colorretal: os riscos e a verdade

30/10/2017

Como todos já devem ter lido, já que a imprensa deu bastante destaque a uma matéria divulgada por uma agência ligada à OMS, chamada IARC (Agência Internacional de Pesquisa do Câncer), um relatório realizado por um painel de 22 cientistas que analisaram mais de 800 publicações sobre a associação entre o consumo de carne vermelha e processada e o risco de tumores colorretais, próstata e pâncreas, sugeriu que a cada 50g de carne processada consumidos por dia, o risco de câncer colorretal aumenta em 18%.

Diante disso, informa Fábio Guilherme Campos, da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), a decisão foi a de colocar as carnes processadas na categoria 1 - "evidências suficientes de carcinogênese" (ao lado de cigarro, bebidas alcoólicas, amianto, asbesto, benzeno e radiação solar), e as carnes vermelhas na categoria 2 - "provavelmente carcinogênicos" (alguns inseticidas, herbicidas, formol, frituras em alta temperatura), ou seja, com “evidências limitadas”.

Definições importantes
Segundo Fábio Guilherme, a carne constitui uma ótima fonte de proteínas, vitaminas e minerais (ferro, zinco e vitaminas do complexo B não encontradas em outros alimentos).

Chama-se de processada a carne modificada para melhorar o sabor ou sua preservação (com salga, secagem, fermentação, defumação ou conservantes). No processamento, a adição de nitratos pode gerar nitrosaminas, com ação carcinogênica. São compostas por carne de porco ou de boi (bacon, linguiça, pastrami, algumas salsichas, carne seca, salame e presunto). Hambúrgueres e carnes picadas só contam como carne processada se eles foram preservados com aditivos químicos ou sal. As processadas conservam muito menos nutrientes do que as carnes vermelhas não processadas (bifes). Já as carnes vermelhas derivam-se da musculatura de boi, porco, javali, cordeiro e cabra. Não incluem carne de frango ou peixe.

Hoje em dia, reconhece-se que o consumo exagerado de carne processada aumenta também as chances de doença cardiovascular, porque o sal aumenta a pressão sanguínea e os conservantes à base de nitrato endurecem as artérias. A carne natural tem, geralmente, quatro vezes menos sal do que as processadas.

Quando essas carnes são preparadas em altas temperaturas (grelhadas - em contato direto com chamas ou chapas - ou fritas em óleo fervente), existe a formação de aminas heterocíclicas, com potencial carcinogênico. Esse efeito pode ser atenuado ao se fazer o preparo ao forno ou cozidos, ou reduzir o consumo a apenas 300g de carne vermelha e/ou processada por semana.

Estimativa do risco
Ao colocar as carnes processadas na categoria 1, não quer dizer que todos esses elementos têm o mesmo potencial. E uma das grandes diferenças é que o consumo de cigarro e álcool é contínuo na vida de algumas pessoas, ao contrário do consumo alimentar. Quando essa pesquisa declara que o risco aumenta 18% para cada 50 gramas, as chances de um americano iria para 5.9%, uma vez que o risco em vida para câncer colorretal naquele país é de 5%.

Além disso, o cálculo individual de cada pessoa não é possível de ser feito. Principalmente, porque o risco de câncer depende de outros fatores ambientais e especialmente dos genéticos. Dessa forma, é importante entender a recomendação como um dado qualitativo e não tentar numerar esse risco. Por isso, não há a necessidade de remover as carnes processadas da sua dieta, mas sim da sua rotina, afirma Fábio Guilherme.

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