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Órgão Oficial de Divulgação Científica da
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ISSN: 1679-1796
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DELTA MADUREIRA FILHO
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Cirurgia Robótica
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obôs sempre foram usados na indústria para substituir trabalhadores humanos na
complementação de tarefas que requerem movimentos precisos e repetitivos.
Ultimamente, têm sido utilizados em medicina com a finalidade de apurar a
técnica operatória e, com o avanço da cirurgia mini-invasiva, para possibilitar a realização de
cirurgias "à distância" entre países e continentes.
As vantagens dos robôs incluem movimentos eficientes, precisos e incansáveis
que podem ser usados em uma grande variedade de aplicações médicas.
A movimentação linear dos instrumentos no campo operatório na
cirurgia laparoscópica na direção vertical e horizontal, usando-se pinças longas, favorece a
utilização da robótica.
Além da cirurgia geral, várias especialidades estão utilizando robôs para aumentar
a habilidade do cirurgião na realização de procedimentos precisos. Há algum tempo os
tumores intracranianos vêm sendo submetidos à biópsia, de maneira acurada, através da
assistência robótica. Ortopedistas têm usado um dispositivo robótico chamado "Robodoe" para
perfurar com precisão os ossos permitindo o encaixe perfeito de próteses. Aplicações urológicas
usam sistemas muito precisos para auxiliar na realização das ressecções trans-uretrais da próstata.
Recentemente, foi desenvolvido um braço mecânico motorizado para controlar
a óptica na cirurgia laparoscópica, hoje aprovado pelo FDA, já sendo usado em todo o
mundo. Refiro-me ao AESOP (Automatic Endoscopic Optimal Positioning). O cirurgião utiliza o
comando de voz para o controle da câmera não sendo necessário outro médico para executar
este trabalho. Os estudos têm demonstrado que a visão da óptica é mais precisa, a cirurgia
mais rápida, ocorre menos "contaminação" da lente, sendo possível realizar o
procedimento com custo menor.
Atualmente, dois sistemas robóticos completos têm sido usados para melhorar
a técnica dos cirurgiões e executar cirurgias à distância. O "ZEUS" e o "DA VINCI".
Ambos possuem um console ergonômico onde o cirurgião, confortavelmente, trabalha
sentado, empregando "manoplas" ou "dedeiras" para executar os movimentos. Os robôs
possuem três braços que executam os movimentos ordenados. Um deles executa o trabalho
de controlar a câmera, enquanto os outros dois reproduzem os movimentos da mão direita
e esquerda do cirurgião. Se houver necessidade de mais um acesso, poderá ser usado
um braço fixo. O controle da câmera no "Zeus" é realizado através da voz do médico, que
usa o mesmo sistema Aesop citado acima. No "Da Vinci" a câmera move-se automaticamente
e orientada pelo movimento das pinças. Ambos trabalham com imagens tridimensionais.
O treinamento com os sistemas robóticos é fácil e rápido, principalmente
para cirurgiões com treinamento anterior em cirurgia aberta e laparoscópica. Os
movimentos do cirurgião são semelhantes aos movimentos da cirurgia aberta (pinças movem-se
na mesma direção da mão) e os instrumentos são os mesmos usados na técnica
por laparoscopia.
O custo dos robôs usados em cirurgia ainda é alto. Os sistemas ainda são
complexos, porém o futuro se encarregará de barateá-los e simplificá-los. Os primeiros
computadores (cérebros eletrônicos) ocupavam espaço de uma sala e só podiam ser adquiridos por
grandes empresas.
O tempo passa muito rápido para a evolução da tecnologia.
Em um dos seus últimos discursos, o professor Ugo Pinheiro Guimarães, ao
ser homenageado pelo Departamento de Cirurgia da UFRJ, citou:
- "Quando pequeno fui levado pelo meu pai para assistir o primeiro vôo do 14
Bis. Santos Dumont conseguiu o grande feito de fazê-lo voar por quinhentos metros, à dez
do chão. Foi o grande acontecimento mundial da época...e, nesta mesma vida, assisti o
homem chegar a lua..."
Certamente, nesta mesma vida, ainda assistiremos muito acontecer na
cirurgia robótica.
DELTA MADUREIRA FILHO
